EDUCAÇÃO SEM RUMO
Nossos placebos eternos e neoliberais
Palavras-chave:
Estudos; Formação; Escola; BNCC.Resumo
Por mais incrível que pareça – ou por um “ato falho” clamoroso – a BNCC sinaliza, como algo caído de repente do céu, a “recriação da escola” (2018:462). É uma indicação peregrina, perdida, um arrufo eventual. Não vale, por certo. Não seria um texto retrógrado como é a BNCC que iria fazer este milagre (Demo, 2019). Mas, ironicamente, tem razão: a escola precisa ser “recriada”, o que significa, mui candidamente, que precisamos de outra proposta, que tenha como compromisso garantir a aprendizagem dos estudantes, sem mirabolâncias. A BNCC é, como sempre entre nós, uma proposta de ensino, não de aprendizagem, embora, insidiosamente, para nos confundir, chame de “habilidade” o que é mero repasse de conteúdo (por isso cada conteúdo é alfanumericamente marcado, para que nenhum se perca; alunos se perdem, quase todos; conteúdo curricular, não!). Qualquer diagnóstico, mesmo o mais comezinho, até com base no Ideb, Pisa, Enem etc., indica – veementemente – que o sistema escolar não funciona: enquanto repassa os conteúdos, os alunos não aprendem. O “aprendizado adequado”, expressão usada no Ideb para mensurar o que seria “adequado”, algo controverso ao extremo, mostra um desempenho totalmente inaceitável de uma escola que, em sua grande maioria, é frequentada em vão: o aluno perde seu tempo, é enganado todo dia escancaradamente.